
Mulher que sonha (de Alma Welt)
O melhor de mim é o meu sonhar...
Eu nele ponho a alma e o coração;
Sou eu o próprio sonho e o luar,
Nada pode arrastar-me pelo chão
Se eu puder olhar-me quando sonho,
E posso, e comigo me comovo,
Embora isso pareça assim bisonho
É oblongo e ocluso como um ovo.
Mulher anima sou em carne viva,
O que me vale ser quase divindade,
Helena, Psiqué ou uma Gradiva. *
Como tais sou musa, e bem por isso,
Embora uma essência em liberdade,
Com a beleza em sério compromisso...
(sem data)
Nota
* Gradiva- "aquela que avança", a Musa criada por Wilhelm Jensen em 1903, no seu famoso romance homônimo, que tanto influenciou a literatura européia na primeira metade do século XX
A Gradiva é de fato um baixo-relevo neoático romano, da primeira metade século II, feito à maneira das obras gregas do século IV a.C., e representa uma jovem que dança e levanta a barra de seu traje. É parte do relevo das Aglaurides - as filhas de Cécrope, cuja mulher se chamava Aglauros ou Agraulos - e está no Museu Chiaromonti, no Vaticano..
O romance de Jensen foi tema do famoso estudo de Sigmund Freud O delírio e os sonhos na 'Gradiva' de W. Jensen (Der Wahn und die Träume in W. Jensens ″Gradiva″), de 1907 e inspirou vários surrealistas. (Wikipédia)
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