A memória é a dádiva do Tempo,
Uma concessão ao nosso apelo
De poder andar a contrapelo,
Apagando ali um contratempo,
Corrigindo aqui com um retoque,
Correndo mais depressa a bobina
Já que arrastamos a reboque
O peso antigo da carga feminina
Que atrasa nossas metas e anseios
Se sonhamos demais e pouco agimos
A esperar chegar lá por outros meios
Que não trabalho e suor de nosso pão
Que aos homens caberiam e a nós não,
Que esperando tanto... em dor parimos.
(sem data)
Nota
Neste soneto que acabo de descobrir na Arca da Alma, a Poetisa, que era profundamente feminista, deixa transparecer uma ironia ou crítica à tendência feminina de separar os papéis da condição humana, entre homem e mulher, o que atrazou o nosso desenvolvimento ao longo da História, já que tomamos ao pé da letra as palavras de Deus no Gênese. Entretanto devo dizer que isso vem mudando rapidamente nas quatros últimas décadas, pois as mulheres já contam com o trabalho fora de casa e a idéia da auto-suficiência, apesar de carregarem a carga da maternidade. (Lucia Welt)
Há 6 anos
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