“Depois de fazer valer meu canto,
Chocou-me me ver tão odiada
Pelos meus colegas do Recanto,
Eu... que só queria ser amada...
Só porque morri em "circunstância
Suspeita", e de maneira romanesca.
Por me velarem nua aqui na estância
Até Matilde lhes pareceu farsesca
Ao lançar toalha tão rendada
Sobre minha alvura de alabastro
Finalmente coberta, amortalhada,
E gritando: “Cubram a minha guria!”
Afastem-se seus ímpios! E eu castro
Aquele que falar do que não via!”
Alma Welt
07/01/2010
Nota
Esta madrugada, compelida subitamente a escrever, emocionada recebi a surpreendente mensagem psicografada de minha saudosa irmã, a grande poetisa Alma Welt, que depois de muito hesitar resolvi publicar aqui. Doeu-me saber que, além de tudo, ela sofreu também com sua expulsão póstuma do Recanto das Letras, cinco dias depois que publiquei no dia 21/01/2007, na sua página (por encontrá-la aberta, com a senha salva) a notícia de sua morte ocorrida no dia anterior. O escândalo que ali se seguiu à notícia da morte da Alma, foi no mínimo apoteótico e resultou também na expulsão do pintor e cordelista Guilherme de Faria (que foi quem descobriu e lançou a Alma em São Paulo) pois o Editor e os moderadores daquele portal encasquetaram que a Alma era um heterônimo dele (o que faria de mim, também um heterônimo (risos). (Lucia Welt)
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O que eu temia... aconteceu: fui compelida a pegar de novo a caneta e compulsivamente escrever este soneto que me foi enviado rapidamente, quase de um jato, pela Alma. Estou devastada pela revelação, que no fundo eu intuía. Não sei o que é pior, esta verdade ou a que tão precipitadamente todos nós, sua família, acreditamos. Aquele horrível delegado Benotti afinal tinha razão...
Revelação (novo contato psicográfico da Alma)
“A todos que na vida me amaram
E continuam a me amar ainda agora,
Que tanto minha morte amargaram
Acreditando que eu quis ir embora,
Devo agora revelar, e eu sinto tanto,
Que tenham que passar por isto ainda:
As marcas que lhes causaram espanto
E cuja dor espero esteja finda,
Não foram causadas pela pedra,
Que jamais teria atado ao meu pescoço,
Mas pela luta na praia do meu poço.
Também saibam que embora dominada,
Por dois bandidos cem vezes violada,
Rancor neste ventre ainda não medra...”
Alma Welt
07/01/2010
Há 6 anos
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