domingo, 10 de agosto de 2008

A Fronteira e o Portal (de Alma Welt)

Saio de manhã com cuia e bomba
A vagar por minhas velhas trilhas
Até rondar o bosque em sua lomba
Que nasce no sopé destas coxilhas.

Ali penetro então chimarreando
Aquecida por dentro pelo amargo
Para ouvir a natureza despertando
E o meu alento bem mais largo.

E logo tomada de entusiasmo
Me ponho a correr por entre os troncos
E a girar no centro de um orgasmo

Até desfalecer numa clareira
Cercada por seres nada broncos,
Abertos o Portal e a Fronteira...

(sem data)

_____________________________________


La Frontera y el Portal (de Alma Welt)
(versión al castellano de Lucia Welt)


Salgo yo, la calabaza y su aroma
A vagar por mi querida senda vieja
Hasta rondar el bosque en su loma
Que nace en la falda de la sierra.

Allí entro todavía mateando
Calentada por el sabroso “amargo”,
A oír la Natura despertando
Y también mi aliento bien más largo.

Y luego dotada de entusiasmo
Me pongo a correr por entre troncos
Y a girar en el centro de un orgasmo

Hasta quedarme desnuda y irreal,
Pero cercada por seres nada broncos
Y abiertas la Frontera y el Portal.

__________________________________

Nota
Acabo de encontrar este curioso soneto manuscrito entre os papéis da Alma na sua arca, e dei-me conta de que nunca foi publicado. Apressei-me em digitá-lo e colocá-lo no seu blog dos Sonetos de Mistérios da Alma. Mas logo percebi que se trata, na verdade, de um soneto erótico, embora simbólico e velado. Não preciso dizer o que são "o Portal" e "a Fronteira". Ri muito e mais saudades tive de minha extraordinária irmã, de sua intensidade vital e de seu humor. (Lucia Welt)

Nenhum comentário: