terça-feira, 22 de julho de 2008

A leitoinha (de Alma Welt)

Galdério, prepara a tua charrete
Que hoje não quero cavalgar!
Leva-me como quando eu tinha sete
E dormia no teu colo ao regressar

E me tomavas nos braços com candor
Ao salão me transportando sem eu ver,
Me punhas sobre a mesa por humor,
Dizendo: “Hoje leitoinha vamos ter!”

E eu já despertada mas fingindo
Não resistia e gargalhava afinal
Sem ousar abrir os olhos, sensual,

Pois sentia o teu olhar tão inocente
Percorrer meu pequeno corpo lindo
Que queria ser tomado docemente...

09/07/2006

___________________________

Fiquei estarrecida ao descobrir hoje este soneto na arca da Alma. Senti-me primeiramente perplexa, depois chorei muito.
Ficou claro para mim, de repente, o gesto insólito, aparentemente incompreensível de Galdério ao pegar o corpo nu da Alma, quando de sua morte afogada no poço da cascata, e vir com ele nos braços como um sonâmbulo para depositá-la sobre a mesa do salão onde começou o seu espantoso velório nu, até ser interrompido pela irupção indignada de Matilde cobrindo-a com uma toalha de mesa, como um sudário.
Vide o blog "Vida e Obra de Alma Welt":(www.almawelt.blogspot.com) onde publiquei, já há tempos, a carta que escrevi na ocasião fatídica, narrando as circunstâncias da morte e do velório de minha amada irmã. (Lucia Welt)

La lechona (de Alma Welt)
(versión al castellano de Lucia Welt)

Galderio, en el carro "andiamo via"
Pues que hoy no quiero cabalgar!
Recuerdas cuando siete yo tenia
Y dormía en tu cuello, al retornar?

Y me tomabas en tus brazos con candor
Al salón me portando a nueva escena
Y al ponerme en la mesa con humor:
“Hoy habremos lechón para la cena.”

Y yo, ya despertada y disfrazando
No podría contenerme carcajada
Sin osar abrirme el ojo y encantada

Pues que sentía tu mirada inocente
En mi cuerpito tan bonito y ya amando
Que quisiera ser tomado allí, caliente


Nota
Aproveito para republicar aqui um dos Sonetos Pampianos da Alma (o de n° 232) em que ela aborda esse tema, tão terno e sugestivo: o de ser retirada adormecida da charrete e ser carregada por Galdério até a sala do casarão onde era colocada num sofá ou mesmo sobre a grande mesa como ela revelou no soneto acima. Eis o soneto:

La belle-au-bois-dormant (de Alma Welt)

232

Galdério, meu gaudério castelhano
Por quê não selaste a minha Altéia?
Queres me levar na tua boléia
E pra isso sabotas o meu plano

De sair por aí em disparada
Por onde não vai a tua charrete
Que roda obediente pela estrada
E não pode seguir a tua pivete

Que gostarias rever-me como outrora
Com a cabeça no teu peito, antes da janta,
Me recolheres como fora bela Aurora

Pra adentrares o jardim, logo a varanda,
Comigo nos teus braços qual infanta
Posta em sossêgo, leve, muito branda...

12/01/2007

Um comentário:

Anônimo disse...

VEM AI NOVO CD DE VIRGINIA DE MAURO A LULLY DE BETO CARRERO.
INTITULADO O MUNDO ENCANTADO, EM HOMENAGEM AO PARQUE TEMÁTICO DO COWBOY E HERÓI NACIONAL. VIRGINIA DE MAURO POSSUI UM PROGRAMA NA REDE CARLOS DIAS TV E PODE SER ASSISTIDA NO YOUTUBE SESSÃO TRAPINHAS.
PARABENS PELO BLOG.