terça-feira, 22 de julho de 2008


A descida da cruz- óleo s/ painel de 70x70cm, da Via Crucis de Guilherme de Faria, numa capela de fazenda em Ribeirão Preto, SP, Brasil


(No tesouro inesgotável da arca da Alma, acabo de encontrar mais estes dois sonetos inéditos, desconhecidos até então por mim, que logo os coloquei lá no blog dos Gauchescos da Alma, mas que quero destacar aqui, por notáveis que me pareceram.(Lucia Welt)



Pietà sulina (de Alma Welt)


Vinha o gaúcho troncho em sua sela
Ferido por adaga gravemente,
Na mão direita a rédea como vela,
A outra mão a segurar o rubro ventre.

E estacando o seu pingo emfim cedeu,
Fez um aceno vago e foi caindo
Nos braços do Galdério que acorreu
A ampará-lo como a um guri dormindo.

E enquanto a alma ia sem adeus
Eu gravei a cena em minha retina
Como uma Pietà leda e sulina

Pois agora já estava entre os seus
Como o outro na estação divina
Fixando a morte insólita de um deus.


(sem data)

__________________________________________


Pietá del Sur (de Alma Welt)
(Versión libre al castellano de Lucia Welt)


Venia el gaucho curvo en su silla
Herido por espada y ya exangüe
Y en la mano derecha la cedilla
De la rienda rubra de su sangre

Y estacando su caballo me miró,
Ha hecho un gesto vago y se cayó
En los brazos del Galderio decidido
Que lo amparó como a un niño dormido

Y al ver el alma fuera de su campa
Yo gravé la escena en mi retina
Como una pietá honda y canina

Pues ahora ya estaba entre los suyos
Como aquél otro de la trágica estampa
A fijar la muerte insólita de un dios.


(sin data)



____________________________________


Conluios da Noite (de Alma Welt)


Elevam-se na noite os murmúrios
Das conspirações que aqui houveram
Nos tempos farroupilhas, e os conluios
Que nos ecos desta casa ainda prosperam.

E ouço: Canabarro se rebela
Contra Bento nosso grande comandante
Enquanto o bravo Netto se revela
O mais fiel amigo doravante.

Mas bah! são as prendas que os inspiram
Com seu doce pranto derradeiro
Na paixão ardente em que deliram,

Juntas, pelos quartos, e ao fogão
Cujas cinzas liberam um rico cheiro
Que, alta noite, invade o casarão...

02/10/2006

Conjuras en la noche (de Alma Welt)
(versión al castellano de Lucia Welt)

Suben en la noche los susurros
De las conjuras que acá hubieron
En los tiempos farroupillas y los turros
Que en esta casa se murieron

Y oigo: Canabarro se rebela
Contra Bento el nuestro comandante
En cuanto el bravo Netto se revela
Un amigo fiel, más adelante.

Pero son las “prendas” que los inspiran
Con su llanto verdadero y los de broma
En la pasión ardiente en que deliran

Juntas en los cuartos y al fogón
Cuyas cenizas aún liberan rico aroma
Que de noche invade el caserón.

Nenhum comentário: