sexta-feira, 25 de julho de 2008

Noite Xamânica (de Alma Welt)

Quando a noite é quente em meu jardim
Me ponho na varanda, excitada
E logo vou sair fora de mim
Para livre me sentir, e mesmo alada.

E vôo, ah! eu vôo sobre as flores
Pra de cima divisar o meu quiosque
Em que um dia iniciei-me nos amores
Pra depois consagrá-los no meu bosque

Onde então me torno loba ou cadela
Ssschhh!.. a grande coisa, um sábio disse*,
Exige que jamais falemos dela,

Pois me sinto voltar ao animal,
Enquanto vultos negros como piche,
Com seus lumes já me espreitam como tal...

29/06/2006

Nota

*"...um sábio disse"- Penso que Alma, parafraseando, se refere à famosa frase de Nietzsche: "As grandes coisas exigem que não se fale delas. A menos que falemos delas com grandeza. Com grandeza quer dizer: com cinismo e inocência".

Este soneto, de nítida inspiração xamânica, parece insinuar que Alma começa a noite como um pássaro (uma coruja?) e depois se transforma numa loba no cio (cadela), espreitada por uma alcatéia de vultos escuros mas de olhos luminosos. Alma se tranforma no seu "animal de poder". (vide Xamanismo).
(Lucia Welt)



Noche de Chamán (de Alma Welt)

(versión libre al castellano, de Lucia Welt)


Cuando es noche caliente en mi jardín
Me pongo en la baranda y excitada
A mirar la pampa y su negror sin fin
Para sentirme libre, leve y alada

Y vuelo, si, yo vuelo hasta las flores
Para el quiosco ver de arriba
En que un día me he quedado de amores
Que en el bosque he consumado, oh! mi amiga,

Adonde ahora me pongo sin candelas
(cosas hay, ha dicho el Gogh, buen profeta,
que no quieren que las pinten sobre telas)

Pues me siento tornarme al animal
Cercada ya por sombras y repleta
Con el lumen de su frío ojo fatal.

Nenhum comentário: