(Devido à aprovação que senti, dos leitores e amigos sobre o primeiro poema que escrevi sobre a minha irmã, tomei coragem
e escrevi mais este, que com igual presunção publico
aqui no espaço da grande poetisa, esperando que lá
no Pampa celeste ela aprove ou me perdoe. (Lucia Welt)
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Espera-me nas noites, amada irmã de minha alma!
Sei que vagas e irei ao teu encontro...
Quantas vezes, insone como eu, me chamas
para seguir-te na eterna peregrinação
aos locais de tua infância gloriosa!...
O pomar com a tua macieira continua
a esperar o teu abraço e tuas magias,
tuas invocações dos deuses e dos numes.
O jardim de nossa mãe floresce e refloresce
persistente esperando por ti.
Ali levarei nossas crianças
como quando flutuavam em scherzo,
alegres adejando ao teu redor
coroadas de flores e inesquecíveis
em sua inocência e harmonia.
Tu, doce poetisa deste Pampa
agora assombras tristemente o casarão,
eu sei, e não descansas.
Mas descobrirei, irmã , o que te desassossega
e queimarei flores e ervas para aliviar-te.
Diante de tua Ara eu queimarei a erva amarga,
o mate de nossa juventude irradiante
e outras ervas que, secretas, me ensinaste.
E conclamarei teus deuses, os do Walhalla paterno
assim como os numes do pampa Martim Fierro e o Cambará
não esquecendo aquele de tua mais singela devoção:
o Negrinho que te reconduziu um dia ao lar
quando estavas a seguir tuas estrelas.
Elas te esperam, irmã, sim, deves segui-las
mas antes te seguirei eu, até me revelares
o segredo de tua inquietude.
E afastarei a dor de ti, como quando eras guria
e te acolhia em meus braços em meio à tempestade
no meu leito, que próximo buscavas.
A manhã os pássaros levantarão seu vôo migratório
e poderás seguir com eles rumo austral
até as planícies dos castelhanos
onde brilham as estrelas dos amores
que em vida cultivaste em beleza.
Estarei aqui, amada irmã de minha alma
esperando até o fim o teu retorno,
luz que eras e serás da pradaria
que iluminaste com tua poesia incandescente,
forte e terna como a dos grandes
que, veríssimos, no Pampa amado peregrinam.
Ah! saiba, ele ainda espera por ti, por tua beleza
e tuas cavalgadas nuas que os peões ainda julgam avistar,
eufóricos e assustados correndo ao casarão nos avisar:
"Eu vi a Alma, ela está viva... e me acenou!”
Que podemos dizer, se já sabemos
que em verdade ainda vagas no teu Pampa
que não abandonarás nunca, pois és seu coração
e sua poesia, ó Alma deste Mundo?!
Espera-me nas noites, que irei ao teu encontro
Para juntas sussurrarmos segredos de mulheres
conscientes de nossa beleza invencível
num mundo que afunda e clama
como este casarão que naufragado aderna
no mar da pampiana solidão, irmã, do teu desterro...
18/07/2007
Há 6 anos
Um comentário:
Emocionante. Boa noite, Lúcia.
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