Poema de Claudio Bento para Lúcia
(Meu amigo, o poeta Claudio Bento, sensibilíssimo cantor de seu encantado Vale do Jequitinhonha, dedicou-me mais um dos seus lindos "poemas do vale", e enviou-mo por e.mail. E eu, envaidecida, não resisti mais uma vez em publicá-lo aqui no blog de minha irmã, uma vez que não há maior honra para uma mulher que ser eleita a musa de um poeta. Sei que Alma concordaria). (Lucia Welt)
PRECE DO JEQUITINHONHENSE
Para Lúcia Welt
Por muitos anos vivi em Jequitinhonha
Principalmente nasci em Jequitinhonha
Por isso tenho essa pele parda
Oitenta por cento de sangue negro
Quinze por cento de sangue indígena
Cinco por cento de sangue lusitano
E essa preguiça ancestral
Que é a parte melhor que trago incrustada na alma
E que é a mãe da invenção e da criatividade
Esse humor àcido e a vontade de abarcar o mundo
Vem de Jequitinhonha
De seus dias de sol de suas noites de escuridão
O ato de sorrir diante da adversidade
É doce memória jequitinhonhense
De Jequitinhonha trouxe lembranças que agora te ofereço
Esta estátua de barro do artesão Didi
Esta fina areia das margens do rio da minha infância
Esta colcha tecida pela mestra Adalgisa Guimarães
Esta timidez este sorriso entredentes
Tive sonhos
Tive manhãs de sol
Tive estrelas alumiando o meu quintal
Hoje já não sonho
Não tenho manhãs de sol
E as estrelas já não moram no meu quintal
Mas como sofro
Cláudio Bento
Jequitinhonha. Agosto 2007
Lu, cheguei da rua ontem por volta da meia-noite e já no meu quarto folheei um velho livro de Drummond e dei de cara com a Confidência do Itabirano, no mesmo momento tive a idéia de trabalhar um intertexto e saiu o poema acima em sua homenagem, tudo porque no momento eu estava pensando em ti aí na Estância, no seu querido pampa. Te amo.
Há 6 anos
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