terça-feira, 14 de setembro de 2010

Pano de fundo (de Alma Welt)


George Sand


Andar na fronteira de dois mundos...
Foi esse o meu caminho e privilégio,
Realidade e sonho, o sortilégio
De meus momentos mais fecundos

Que jorram dos poemas e sonetos
Do próprio coração desta coxilha
Que acolheu esta guria como filha
Que a honra em quadras e tercetos...

O pampa é o meu pano de fundo
E não foi preciso descrevê-lo
Pois é o meu ser e estar no mundo.

Bucólica não fui, ou paisagista,
Como outrora o foi com tal desvelo,
Aquela Sand que amou o pianista...

09/12/2006


Notas
*Aquela Sand que amou o pianista...- Alma se refere à escritora francesa do século XIX, Amandine-Aurore-Lucile Dupin 1804-1876, que usava o pseudônimo masculino George Sand (e andava vestida como homem) que amou o grande compositor e pianista Fréderic Chopin, e que era uma notável bucolista que se detinha a descrever detalhadamente as belas paisagens do sul da França em livros como o seu La mare au Diable (O Pântano do Diabo), belíssimo romance que descreve de maneira idealística e romântica a vida camponesa.

George Sand foi uma grande figura. Ela era bisexual, coisa muito avançada para a época. Ela se casou aos 18 anos com o barão Casimir Dudevant, e se assinava Aurore Dudevant, mas logo se separou dele e foi sozinha para Paris ser escritora. Além do Chopin, ela foi amante de Stéphane de Grandsagne e dos poetas Alfred de Musset, e Prosper Malarmé. E parece que teve um caso amoroso com a sua amiga, a atriz Marie Dorval.

Quanto à Alma , ela parece querer ressaltar que, se se tornou uma grande intérprete do Pampa, não foi por ser descritiva da paisagem, mas devido a um poder de sugestão inerente à sua alma pampiana, que produz magicamente esse pano de fundo ou cenário aos seus textos em geral e aos seus sonetos em particular... (Lucia Welt)

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