sábado, 2 de janeiro de 2010

A Leste do Éden (de Alma Welt)

Na vida, minhas etapas alteradas
A ordem tive, raiz dos dissabores
Profundos da alma, em trapalhadas,
A confundir ainda amor e amores.

Dei-me cedo, e guria fui mulher
Punida pelo amor tal qual foi Eva.
Desfolhada não joguei o mal-me-quer,
Que ser amada é só o que me leva.

E quanto paguei por minha virtude,
Como se crime fora ou só defeito
O que de melhor dei enquanto pude!

Depois, do Éden no Levante foi preciso
Chorar de dor o belo corpo rarefeito
De quem nos expulsou do paraíso...

03/04/2005

Nota
Acabo de descobrir na Arca da Alma este pungente soneto que atesta, como outros tantos, a persistência da dor que Alma carregava pela traumática interrupção de seu affair infantil com nosso irmão Rodo, quando foram flagrados pela Mutti (mamãe) "a Açoriana" Ana Morgado debaixo da "macieira da Alma" no nosso pomar, quando então foram separados à força por alguns anos, Rodo tendo sido mandado para um colégio interno. Alma funde aqui dois grandes e belos Mitos, o da expulsão de Adão e Eva do Paraíso terreste, e o desterro de Caim para o leste do Éden.
A propósito, nossa Mutti morreu quando Alma tinha 13 anos e minha irmã sofreu mais ainda por não ter tido tempo de perdoá-la e compreendê-la, o que ocorreu muito tempo mais tarde. (Lucia Welt)

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