Devo deixar meu Pampa e esta estância
Por longa temporada, em viagem,
E dói-me como abandonar a infância
Ou arrancar raiz, não só ramagem.
É sempre um desterro, um auto-exílio
Contra o qual me revolto e me debato
Não tanto contra a dor, mas contra o fato
De ser eu a própria lágrima em meu cílio
Que, frágil, trêmula, demoro
Para correr, descer, ganhar o mundo
Para o mundo saber que também choro.
E, bah! então voltar (falso pudor)
E recolher-me ao útero profundo
De onde nasço e renasço sem mais dor.
(18/02/1999)
Nota
Acabo de encontrar este soneto inédito da Alma em sua Arca e reconheço nele o momento que precedeu sua partida para São Paulo, num "auto-exílio", como ela se expressou, por imensa angústia logo após a morte do nosso Vati. Alma permaneceria quatro anos naquela metrópole, estabelecida num ateliê como pintora, onde conheceria Guilherme de Faria, que a descobriria como poetisa e a lançaria, conseguindo uma editora para publicar seu livro Contos da Alma (em 2004) (Lucia Welt)
Há 5 meses
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