Corramos, meu irmão, depressa, vamos!
Pois temos muito chão nesta campina,
Se pro almoço atrasados, só, chegamos,
Haverá solo de relho e em surdina.
A Açoriana, maestrina, nos espera
Com a batuta na mão, e de marmelo.
Nos “fortíssimos” é onde ela se esmera,
Dos quais tenho um medo que me pelo.
Mas, bah! meu Rodo, valeu tanto
Ter estado contigo em camerata,
Nossos arpejos, sem pejos, na cascata...
Ai! Minha pele canta como os lábios
Lembrando teus abraços e o encanto
Dos teus “pianíssimos” tão sábios!
03/09/2006
Notas
Acabo de encontrar este soneto encantador na arca de inéditos da Alma. Suspeito que muitos sonetos ainda encontrarei tão primorosos como este, que nunca foram publicados pela Alma em nenhum site. Já são bem mais de 1.000 os sonetos dela compilados por mim até o momento. (Lucia Welt)
*Açoriana- como muitos já sabem, é como somente a Alma chamava nossa mãe, Ana Morgado, chamada "Mutti" por nós. Nossa mãe era muito católica e severa, ao contrário de nosso pai, o Vati, que criou a Alma como "uma pequena pagã". Havia muita dificuldade de relacionamento entre elas desde a infância, pois minha mãe temia o temperamento artístico exacerbado de minha irmã. Não obstante, creio que elas se amavam...
Há 5 meses
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