Hoje olhei no espelho e vi meu ser,
Quero dizer, a face minha oculta,
Aquela que costuma se esconder
E que não pertence à vida culta:
O ser primevo, o mito primitivo,
Eco primal do grito, não vagido,
Que o homem lançou e foi ouvido
Pela Natura num recuo intuitivo.
Eis o animal de Deus marcado
C’o sinal de distinção no fundo olhar,
Na fronte ereta onde repousa o fado!
E ao mirar assim meus belos olhos
A profunda superfície dos abrolhos,
Tive medo de mim como de um mar...
(sem data)
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El espejo del ser (de Alma Welt)
(versión al castellano de Lucia Welt)
En el espejo hoy me miré y he visto el ser,
Quiero decir, mi faz, aquella oculta
Que todavía se acostumbra a esconder
Y no hace parte de nuestra vida culta:
El ser primero, el mito primitivo
Eco anciano del grito, no el vagido,
Que el hombre ha lanzado y fue oído
Por la Natura en su reculo intuitivo.
He aquí el animal de Dios, marcado,
Con señal de distinción a así mirar
Desde la frente erecta donde posa el hado!
Y sin embargo al clavar mis bellos ojos
En superficie honda y de abrojos,
Tuve miedo de mí como una mar…
Há 5 meses
5 comentários:
"E ao mirar assim meus belos olhos
A profunda superfície dos abrolhos,
Tive medo de mim como de um mar..."
espetáculo...
é, Lu, talvez seja o Espírito vazando seiva de um tronco aberto, o que quer que isso signifique... sendo a primeira imagem que veio à cabeça, quiçá encerre alguma verdade, ao menos pessoal...
já que você tocou no assunto, quero fazer uma pergunta...como é, mais ou menos, o processo criativo dos Welt? pergunto por científica curiosidade...entendo o que você disse, no último comentário...pelo que leio da Alma, se não em superfície/estética, compartilho com ela de uma vontade profunda de caminhar sobre as águas...
(compreendi ontem, e me intrigava uma familiaridade estranha com os escritos dela, apesar d'eu ser tão diferente...)
por ora...
obrigado, e
beijos!
Corso querido
Estive meditando sobre a tua pergunta a respeito do processo criativo de minha irmã, e cheguei a uma conclusão a partir da tua excelente frase (do espírito vazando...): estava na sua extraordinária beleza física o segredo de sua poesia. Ela era um ser que colocou sua beleza em sintonia com sua alma e sua mente, coisa que raras mulheres fazem. Eu sei que isso pode ser estranho de dizer, pois as pessoas em geral pensam que beleza física não tem nada a ver com talento, inteligência, intelecto ou mesmo sensibilidade. Mas é um engano. Um jornalista arguto uma vez definiu a beleza como "um pacote de inteligência física". Ao escrever isso, ele foi, sem querer, um que se aproximou, como tu, do segredo de minha irmã, apezar de não concluir as consequências extremas de sua definição. Sim, sentía-se, ao estar perto dela, que sua poesia emanava da mesma fonte de onde brotava a sua extraordinária beleza. Resultado: ela era tratada com reverência por todos, como um ser sagrado que ela realmente era... (no entanto, no final algum ser baixo e iconoclasta a atingiu... Mas, disso não quero falar...)
Quanto a caminhar sobre a águas, realmente, é o que os poetas fazem desde aquele, muito bom poeta, lá em Genezaré...
Muitos beijos,
e grata estou eu, meu corso
Lu
Lu!
pro inferno com iconoclastas...existe, sim, um segredo, algum arcano obscuro e imemorável, ainda que sempre presente, e certas pessoas profundas identificam-se sim com esse aspecto da existência ao ponto de sê-lo;
andar sobre as águas Alma conseguiu...estarrecedor não os poemas tão somente, mas tudo...vida, obra, e a veracidade da corrente entre uma e outra.
obrigado por responder minha pergunta...achei que tinha sido deveras pessoal, mesmo invasiva... a resposta foi bastante perspicaz. me deu o que meditar...
beijos!
Lu!
antes de tudo, obrigado...!
o Lu, eu tava pensando aqui...como é que anda a divulgação dos textos da Alma? você está procurando editor, ou se tem como está a distribuição? ou etc...
é porque tem um cara que eu não conheço (rs), mas que é um escritor aqui de SC, Fernando Karl...ele tem uma pequena editora, segundo ele próprio...descobri porque ele deixou um comment dizendo isso n'algum site...quando eu li juntei as coisas...posso falar com ele pra que ele fale com vc, ou vc pode se apresentar, www.nautikkon.blogspot.com...
na pior das hipoteses, seria um cara pra você falar aqui em SC...pelo menos apresentar pra ele algum material...é um homem parece que conhecido aqui em SC, com uma certa reputação...
estritamente quanto à editora, não sei como funciona, se ele faz também a distribuição, se ele cobra ou se ele faz pelo bem da literatura (duvido, mas sempre tem algum idealista perdido por aí...)
além, estive lendo os poemas da Alma, gosto deste aspecto tbm...sem rimas, muito embora os sonetos sejam tão espontâneos quanto esses...escrever sonetos espontâneos é mais ou menos como tocar mozart numa cítara...difícil, difícil...como você bem sabe...
bom, espero que esteja tudo ok por aí..
breve...
beijos!
Corso querido!
Só agora, tarde da noite, por insônia, navegando descobri aqui teu comentário, tão carinhoso, sugerindo a tua preciosa preocupação com a divulgação da poesia de minha irmã. Realmente sou inoperante nesse sentido e não entrei em contato com nenhuma editora. Acho que é porque no fundo eu queria que uma grande editora, com eficiente distribuição, se inteirasse da obra da Alma através do trabalho de divulgação que venho fazendo da obra dela na Internet.
A propósito, para que você me entenda, devo revelar a ti que a Alma me pediu uma vez que prometesse a ela que nunca iria pagar para que publicassem uma obra dela. Que assim ela não queria... O único livro que saiu em vida dela foi o Contos da Alma, por uma pequena editora de São Paulo, que o nosso amigo Guilherme de Faria conhecia o dono, apresentou o livro e ele se apaixonou pelos contos dela e o editou e publicou sem cobrar nada. Mas depois não teve capital para continuar fazendo isso.
Alma achava, e eu concordo, que não tem valor publicar um livro às suas próprias custas. Que isso, qualquer pessoa com dinheiro, mesmo com pouco ou nenhum talento pode fazer.
Minha esperança é que um dia isso aconteça naturalmente, por proposta expontânea de alguma editora, já que parece que a Alma faz um sucesso crescente na Internet, e já é tratada como uma musa ou diva que ela realmente é, por natureza.
Mas se você puder apresentar a obra da Alma para esse editor seria maravilhoso, pois livro é realmente outra coisa, embora eu já tenha ouvido o seguinte comentário:
"Por quê é que tu queres publicar a obra da Alma em livro se já estás no futuro, publicando a Alma com eficiência e tão bom resultado em blogs e sites da Internet, e assim ela está sendo lida por gente do Brasil todo, do norte ao sul, e até do exterior? Um livro de poesia não conseguiria tanto em tão pouco tempo."
Não sei... Eu gostaria de ver os romances "A Herança", e "O Retorno dos Menestréis", publicados em livro (aliás a obra toda dela, inclusive os mais de mil sonetos). Tu já os leste (os romances da Alma) nos blogs onde os publiquei, meu Corso? Gostaria da tua opinião.
Olha, querido, sugiro que escrevas para mim ao
luciawelt@gmail.com
Ponderaremos mais sobre o assunto.
Muito grata, meu poeta
Grande beijo da Lu
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