domingo, 7 de setembro de 2008

O sentido da vida (de Alma Welt)

Quantas vezes em silêncio me pergunto
O sentido de estarmos neste mundo
Embora tal pergunta seja assunto
Dos filósofos em seu labor profundo...

Que por sinal não chegaram a um acordo
Já que tudo permanece misterioso:
A vida, a morte, a dor, o riso e o gozo,
A cotovia e o rouxinol... e ainda o tordo.*

Mas, ai de mim, de nós, da humanidade!
Como cegos tateamos sob o céu
E, laboriosos, erigimos a cidade

Como outrora a grande torre de Babel
(da qual perpetuamos arremedos),
Orgulhoso monumento aos nossos medos.*

12/04/2006


Notas

*...A cotovia e o rouxinol... - este curioso verso é uma graciosa alusão ao famoso diálogo de Romeu e Julieta ao despertar de sua noite de núpcias, lá como aqui exemplo das dúvidas que o amor suscita como ingênua artimanha para perpetuar-se. Quanto ao adendo "e ainda o tordo", além de boa rima trata-se de uma maneira hábil poeticamente de sugerir que tudo, toda a natureza, é um mistério.

*Orgulhoso monumento aos nossos medos- A torre de Babel, considerada um símbolo universal do orgulho humano, é aqui associada ao Medo, o que me parece bastante sutil.(Lucia Welt)


El sentido de la vida (de Alma Welt)
(versión al castellano de Lucia Welt)

Cuantas veces en silencio me pregunto
El sentido de estarmos en el mundo
Por cuanto tal pregunta sea asunto
De filósofos en su labor profundo.

Que sin enbargo no llegan a nada igual
Pues que todo es sin respuesta y misterioso:
La vida, la muerte, el dolor, la risa y el gozo
La cogujada y el ruiseñor… y el zorzal.

Ay de mí, de nosotros, de nuestra humanidad!
Manoteamos como ciegos debajo del dosel,
Y tontos laboriosos, erigimos la ciudad

Como ayer y hacia arriba, la torre de Babel,
(que todavía perpetuamos sus remedos),
Orgulloso monumento a nuestros miedos.

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