QUILOMBO DA MUMBUCA
Para Lúcia Welt
O quilombo
Alma gêmea das florestas africanas
Pisado por pés negros
Erguido por mãos também negras
Abre-se diante dos meus olhos
Onde agora corre um corguinho de àgua clara
Onde agora surge uma estradinha
De terra vermelha
De terra branca
De terra cor de ocre e barro
Com que fazem panelas e potes
Diante dos meus olhos
Repousam imensos boqueirões de mata nativa
Pés de coquinho de palmeiras perfumam o ar
Enquanto a Mata Escura
Acena sua folhagem
De pau-brasil de jacarandás de perobas
De cedro de massarandubas de jatobás
Passarinhos de vários matizes fazem festa no céu
O Rio Preto vai de encontro ao rio grande
Uma cobra-cipó atravessa a veredinha
Que vai para Cachoeira e para as bandas do Paraterra
Diante dos meus olhos
O quilombo de uma só rua
Mais parece um quadro pintado
Com as cores do sol e da lua
Singela é a igrejinha de Nossa Senhora do Rosário
As casinhas baixas com flores na soleira das portas
O café preto e bom fumegando nos fogões à lenha
A vida besta e sábia
Vivida pelos quilombolas da Mumbuca
Cláudio Bento
Maio 2008
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Nota da editora
O grande poeta mineiro Claudio Bento me fez a honra de instituir-me (que nem mereço)sua musa. Neste Blog já há o conteúdo de todo um livro de poemas dedicados a mim, do seu universo regional-universal de seu encantado Vale do Jequitinhonha.(Lucia Welt)
Há 11 meses
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