domingo, 18 de maio de 2008

A FERRO E FOGO (de Claudio Bento)


Carnaval Candombe (homenagem ao Claudio Bento de Alma e Lucia)-óleo s/ tela, 100x100cm de Alma Welt.

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Acabo de receber mais este poema e mensagem do grande poeta Claudio Bento, do Vale encantado do Jequitinhonha

A FERRO E FOGO

Para Lúcia Welt

Atravessaram
O mar
Com um nó no peito

A branca espuma das vagas
Tingiu-se de choro negro

Chegaram
E deram braços à lida

Bateram tambor
Dançaram samba de terreiro
Jogaram capoeira
Cantaram animada cantilena em nagô

Chegaram
E misturaram seu sangue
sua crença
sua fé

Vieram do mar
Com figas e amuletos

Marcaram
A ferro fogo e suor
A história do país

Cláudio Bento

Lu, os dois poemas que dediquei a ti
vão integrar o volume Carnaval Candombe.

Um comentário:

RODOLPHE SALIS disse...

Ilha

Tu vives-mãe adormecida-
nua e esquecida,
seca,
fustigada pelos ventos,
ao som de músicas sem música
das águas que nos prendem...

Ilh:
teus montes e teus vales
não sentiram passar os tempos
e ficaram no mundo dos teus sonhos
-os sonhos dos teus filhos-
a clamar aos ventos que passam,
e ás aves que voam livres,
as tuas ânsias!


Ilha:
colina sem fim de terra vermelha
-terra dura-
rochas escarpadas tapando os horizontes,
mas aos quatro ventos prendendo as nossas ânsias!

LARBAC---AMILCAR CABRAL, nasc. em BAFATÀ, GUINÈ-BISSAU, 12/9/1924...para o grande poeta da negritude e de tudo Claudio Bento...que ainda havemos de convidar para o Veleiro Louco..".mi casa barco de la noche...mi casa es el gato negro...mi casa...aun no lo sabes?son las horas de fuego es un catre en el suelo es una estación de tren...mi casa es un cemitério a veces es un burdel es donde al fin llego cansado de viajar..."