A vida é a estória, só, de um louco,
Cheia de som e fúria, e sem sentido,
Como disse o Bardo esclarecido
Para o nosso ouvido ainda mouco?
Bem provável, pois não encontro par
No meu próprio sonho, e, ao contrário,
Tenho muito, por meu reino, que lutar
Neste pampa que me coube por cenário.
Pois a Poesia é vista com reserva,
Se não for para cantar a gauchada
Depois do chimarrão de amarga erva.
E, sombra a avançar pela coxilha,
Seria eu apenas prenda amalucada,
Se não fosse do patrão a bela filha...
(sem data)
Nota
Acabo de encontrar na Arca da Alma este notável soneto, que revela uma queixa de incompreensão, da Poetisa em sua saga poética, aqui neste pampa isolado, de fim de mundo.
* como disse o Bardo esclarecido - como a maioria dos leitores deve ter percebido, Alma se refere a William Shakespeare, que colocou na boca de seu Macbeth, sua famosa frase imortal: "A vida não passa de uma sombra que caminha, um pobre ator que se pavoneia sobre o palco e depois é esquecido. É uma história contada por um idiota, cheia de som e fúria, e que não significa nada."
Há 6 anos
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