Meu irmão convidou um jogador,
Seu colega aventureiro e “mesmerista”,
Que dizia anular qualquer pudor
Até de antiga freira ou normalista.
E que usara esse poder para vencer
No pôquer, o que quase lhe custara
A vida e mais um olho de sua cara
Retirado a canivete, sem tremer.
Mas a pedido dele em reservado,
Deixei caolho-rei dos fascinantes
Exercer o seu dom em pleno prado...
E voltei com o olhar esgazeado
Com passos abertos, claudicantes,
E o ar pleno e perdido das amantes...
(sem data)
Nota
Acabo de descobrir na Arca da Alma este curioso soneto, nitidamente humorístico, em que Alma conta um episódio real, que em parte testemunhei. Rodo trouxe, para passar uns dias aqui na estância, um "colega" jogador de pôquer profissional, que realmente tinha um olho de vidro e que contou que tinha usado seu dom de hipnotizar em pleno jogo privado com um milionário, e descoberto, passou por maus bocados, quase foi morto e acabou perdendo um olho como lição, retirado a canivete por um capanga do dito ricaço. Insinuante, deu um jeito de ser desafiado no seu dom mesmérico pela Alma, extremamente curiosa que ela era. Mas eu não soube na época desse resultado perturbador, que se deduz deste soneto... Teria a Alma, hipnotizada, sido estuprada em plena coxilha por esse pilantra? (Lucia Welt)
Há 6 anos
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