Perdida de mim na pradaria...
Uma vez me vi quase perdida
No labirinto que me confundiria,
E Ariane fui de minha saída.
E no núcleo rochoso do meu Eu
Em torno ao qual orbitam tais delírios
Estava o acorrentado Prometeu
Que tanto acende lumes como círios.
Mas libertei de mim o herói titã
Apoiada no meu próprio cabedal
Da ave do poder mesmo, xamã,
Que era o Abutre da minha mente
Empenhado no embate figadal,
Renovado sempre... eternamente.
(sem data)
Nota
Acabo de encontrar na Arca da Alma este notável soneto metafísico, em que a Poetisa reconhece, de acordo com a teoria da Mitanálise Junguiana, seus próprios arquétipos libertadores, no caso Ariadne, a do fio no labirinto (aqui grafada Ariane por questão de cadência), Prometeu, o libertador derrotado, mas que deu o fogo (a razão) ao homem, e a quem a Poetisa atribui também um elemento de morte, ao acender nossas velas fúnebres (círios); e afinal, surpreendentemente, o próprio Abutre, que devora eternamente o fígado, sede da alma = psique (figué, fígado, entre os gregos) como o seu animal de poder no Xamanismo, doutrina animista de que a Alma às vezes lançava mão pela sua beleza primitiva. (Lucia Welt)
Há 6 anos
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