quarta-feira, 9 de setembro de 2009

A Vindima (de Alma Welt)

Estás em mim, irmão, sou toda tua,
E o êxtase de amar já me ilumina.
Não ousarão nublar a minha lua
Os que me vêm ao sol desta Vindima,

Irradiante pela graça deste amor
Que brilhou na minha face desde cedo,
Quando guria nova o destemor
Em quem talvez se espere tanto medo.

Não haveria para nós aquela carga
Atribuída aos pares desde Adão
E Eva, que provaram fruta amarga...

Vê, o fruto se fez doce de saída
E jamais culpa e pecado caberão
A quem de tanto amar nasceu perdida!

03/08/2002

Nota
Acabo de encontrar este glorioso soneto, inédito, na Arca da Alma. Pretendo montar um novo blog com os sonetos mais líricos da Alma, como este, que celebra o seu desabrido amor por seu irmão Rodo, que a rigor seria condenado pela sociedade, mas a que eles deram essa nota de liberdade e destemor, talvez mesmo de leveza, o que configura afinal um caso único, inaudito na História dos grandes amores.
É maravilhoso ver como às tristes folhas de parreira dos envergonhados parceiros bíblicos, Alma contrapõe a sua Vindima Nua, isto é, sua festa do vinho e do sexo assumido e celebrado. (Lucia Welt)

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