Não me perderás, ó meu irmão
Pois perdida de te amar eu já estou,
Como dizia a Florbela desde então,
Num tempo que o vento já levou.
Sei que evitas dramas, caem mal,
E às tragédias loucas da paixão.
Nisso não és nada original
Pois é do ser humano essa aversão.
Mas não pude a sensação mais evitar
De uma taça a afastar em nosso horto
Quando flagrados fomos no pomar
Pois de dentro de mim ela arrancou
Teu pequenino membro, como aborto,
E então algo pra sempre me faltou...
(sem data)
Nota
Acabo de encontrar nesta manhã de domingo este soneto na Arca da Alma, soneto este que contrasta no tom com o anteriormente postado (A Vindima). Por curiosidade devo revelar que o manuscrito estava rasurado no terceiro verso da primeira quadra. A primeira versão do verso, riscada, dava para ler e era assim: "Como dizia a Florbela em dramalhão".. Com sua sabedoria técnica, Alma percebeu que não deveria ironisar Florbela Espanca nem por graça, mesmo porque ela era grande admiradora da genial sonetista portuguesa. (Lucia Welt)
Há 6 anos
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