Arrastados na corrente dos eventos
Vão os corações, de cambulhada,
Sonhos empinando-se nos ventos
Como pipas infantis na madrugada.
Bah! Depois sempre a derrocada,
Enroscados em fios ou altos galhos,
Pendendo, ali, patéticos frangalhos
Como triste ilusão abandonada.
Como custa renovarmos nossos sonhos
E empinar novas pipas encarnadas
Com os mesmos propósitos bisonhos!
Subir cabeceando, ah! subir
Esperando que as alturas alcançadas
Nos chamem, como a mãe, para dormir...
(sem data)
Nota
Acabo de encontrar este notável soneto simbolista, inédito, na Arca da Alma. A Poetisa realmente podia falar de sonhos e... pipas, pois, com Rodo, como moleques, muito ela os empinou, brancos em noites enluaradas ou de manhã cedinho, sempre interrompidos pelo chamado da Mutti, para dormir, para almoçar... (Lucia Welt)
Há 6 anos
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