segunda-feira, 5 de novembro de 2007

DOCE SALIVA (de Claudio Bento)

DOCE SALIVA
Para Lúcia Welt

Nem que passem milênios,
nem que o tempo habite meu rosto transformado em rugas.

Nem que a vida alcance
o seu ocaso, o seu fim.

Nem que ocorram cataclismas,
terremotos, maremotos, nem que o mundo acabe em fogo.

Um dia hei de misturar
meus cabelos em teus cabelos,
minha língua em tua língua,
minha pele em tua pele,
meus lábios em teus lábios,
meu suor em teu suor.

Sorverei tua doce saliva,
o sal do teu corpo,
o sol dos teus olhos dentro da escuridão.

Um dia hei de deitar-me contigo,
banhar-me em tua luz, em teu rio, em teu mar e permanecer assim
inebriado e cônscio do teu amor.

Um dia hei de sangrar este desejo, derramar dentro de ti o perfume,
o creme copioso e sagrado, o claro líquido da minha cacimba em delírio atroz,
em comunhão, em conjunção carnal.

Nem que passem milênios,
nem que pare o tempo e sua caixa de pandora, nem que tempestades inundem a terra,
arderei em teu fogo e em teu fogo consumirei.

Depois poderei morrer,
irisado em tua luz, saciado em tua sede.

Cláudio Bento

Um comentário:

Anônimo disse...

vc já é da casa

rsrsrsr


um abraço