Claudio Bento, o grande poeta do vale do Jequitinhonha, que me elegeu a sua musa (algo que tanto me honra e que nem mereço) está escrevendo todo um livro de poemas dedicados a mim, e no qual evoca lindamente o cenário ideal de suas memórias do seu "vale encantado". Na jóia que é este poema, viajamos pela paisagem subjetiva de sua infância, interiorizada e nostalgizada pelo tempo, e pela maravilhosa memória afetiva capaz de imagens sutis e delicadas como essa dos "quintais folias de reis, e a menina de trança de vela na mão no meio da procissão" (que foi feito dela?) Algo que se pode amar por toda uma vida...
CHAPÉU DE CHUVA DA SAUDADE
Para Lúcia Welt
A infância passou como um filme de aventura
No filme não havia mocinho nem bandido
Haviam quintais folia de reis passando na rua
Menina de trança de vela na mão no meio da procissão
Havia um rio correndo para abraçar o mar
Uma estrela caindo na beira do cais do porto
No cine poeira do passado distante
A sessão terminou como um corte uma ferida uma palavra perdida no ar
O chapéu de chuva da saudade
Ficou pendurado no cabide do tempo
Coração de menino ainda mora no lado esquerdo do peito
Mas a infância passou como um filme de aventura
Cláudio Bento
BH. Setembro . 2007
Há 6 anos
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