terça-feira, 18 de janeiro de 2011

De partos e poentes (de Alma Welt)


Angústia - de Salvador Dalí


De partos e poentes (de Alma Welt)

Varanda, balcão nobre dos poentes,
Que me viu crescer com a reverência
Com que beijava as mãos benevolentes,
Prevendo de meu pai a rubra ausência,

O qual, por cuja força vim ao mundo,
Que era a minha luz, o rei sol vivo
Cujas mãos tiraram-me do fundo
De um ventre açoriano retentivo,

Na estrada deserta, quase selva,
Num anti picnic nada farto,
Minha mãe aberta sobre a relva...

E vem à minha mente, por instantes,
O vermelho do sangue do meu parto
Nas mãos abençoadas, tão distantes...

(sem data)

Nenhum comentário: