
A Ronda - litografia de Guilherme de Faria (a crayon sobre pedra da Bavária), representando Alma dopada, na Clínica.
A Ronda (de Alma Welt)
Creiam-me, há um fauno que me ronda
Fazem dias, meses, anos... que sei eu?
Ele quer algo de mim, meu sonho sonda
Para em mim capturar algo que é seu.
Erro meu foi contar isso pros doutores
Que abanaram as cabeças venerandas
E puseram em torno platibandas
Para conter meus "acessos de terrores".
Mas ele é o meu fauno e não o demo,
E me quer longe daqui, na nossa Arcádia,
É o meu conterrâneo e não o temo...
Acreditem-me ou não, sou uma ninfa!
Narcoléptica, sim, mas não vadia
Ou maníaca de quem drenam a linfa...
12/01/2006
Nota
Este perturbador soneto descoberto hoje, Domingo, na Arca da Alma, corresponde ao período de internação da Alma em Alegrete, em Janeiro de 2006, na Clínica da qual fugiu. Os médicos a diagnosticaram com um "blend" de síndromes : Ninfomania (daí a alusão no soneto à "ninfa" e à "maníaca"), bipolaridade e (pasmem!) Histería , essa desde o doutor Breuer e Freud, caída em desuso. Eles a mantinham dopada ("narcoléptica") e tiravam suas energias (a" linfa"). O resultado foi que Alma conseguiu afinal fugir daquela Clínica, pois o aparecimento lá da boa Doutora Jensen foi tardio e não logrou retê-la. Ela ficou perdida por quatro dias nas estradas do Pampa pegando caronas de caminhão, e tudo leva a crer que foi estuprada por um caminhoneiro na primeira tentativa...
(Lucia Welt)
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