quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

A morte de Allan Poe (de Alma Welt)

Nossas faltas perdoadas almejamos,
Conseguirmos será graça alcançada,
Pois a carga final que carregamos
Mantém no corpo a alma lastreada.

Quanto agonizou o Poe poeta!...
Muitas horas no leito, agoniado,
Pois bêbado, caíra na sarjeta
Onde fora parar, pauperizado.

E gritava como quem se desespera,
Não como quem avista um porto:
Reynolds! que ninguém soube quem era.

Mas no último momento se aquietou;
"Deus, se apiede de minh’alma", murmurou,
Deu um suspiro longo e estava morto.

12/01/2007

Nota
Encontrei agora há pouco, na Arca da Alma, este estranho e dramático soneto, que conta de maneira prodigiosamente sintética, com muita fidelidade, a morte do grande e triste poeta e escritor Edgar Allan Poe, um dos preferidos da Alma. A obra de Poe é genial e profunda, e é impressionante que ele tenha tido uma veia humorística e que os contos dessa vertente sejam muito mais numerosos que os contos de terror que o consagraram. Apenas se pode deplorar que ele fosse alcoólatra, muito pobre e infeliz. Uma alma verdadeiramente atormentada. Pesquisando, encontrei essa referência sobre este nome que Poe chamava gritando, repetidamente, em grande desespero: Reynolds! que até hoje ninguém descobriu quem foi. Eis aí um mistério literário, ou pelo menos biográfico... Alma não poderia deixar de citá-lo. (Lucia Welt)

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