domingo, 14 de fevereiro de 2010

A filha natural (de Alma Welt)

Vivendo no final do fim da Terra,
E crescendo com o mais belo guri
Que havia no Mundo, que era aqui,
Só me podia dar amor e guerra.

Deu amor... que o Fado se encantou,
Pela ardência desse par em sua pureza
E conivente ou cúmplice, deixou
Que cedessem os irmãos à natureza.

Sob a árvore de colorados pomos
Afinal fomos vistos pelo mundo
Através de olhar severo, mas fecundo,

Pois punidos, compensados também fomos:
Arte, filha natural da rebeldia
Foi o rebento que nasceu, e era Poesia...

(sem data)

Nota
Encontrei agora na Arca, este soneto inédito, um dos muitos em que a Alma aborda o episódio de seu amor incestuoso por nosso irmão, que motivou um humilhante flagrante por nossa mãe, uma surra e uma dolorosa separação dos irmãos, que durou anos. Alma sempre se refere a esses fatos, que marcariam sua vida e arte para sempre, como sua vivência pessoal da expulsão do paraíso terrestre, o Éden, cujo centro era a macieira do nosso pomar, debaixo da qual tudo começou...
(Lucia Welt)

Nenhum comentário: