Façamos trato, ó dias que me cabem!
Não quero ser solene ou prepotente
Mas retardem só as horas que me sabem
E guardem meu minuto impaciente,
Aquele mesmo do último respiro
Que a tradição romântica reclama,
Eufemística, chamando de suspiro,
E que presumo terei em minha cama.
De amor desprendido e de doçura
Eu em troca prometo um pensamento
Que sei das altas mentes a procura.
E não me cortem antes a palavra,
Não me neguem o verso como o vento
Que a coxilha percorre e tanto lavra!...
14/01/2007
Nota
Emocionada, acabo de encontrar na Arca da Alma, nesta madrugada, este pungente "trato" da Poetisa com as horas que lhe restavam, e das quais que ela tinha plena e dolorosa consciência. Também, mais tragicamente ainda, ela não morreria em sua cama...
(Lucia Welt)
Há 6 anos
Nenhum comentário:
Postar um comentário