sábado, 26 de dezembro de 2009

Quando cessam as palavras (de Alma Welt)

Tendo vivido pela força da palavra
Só temo o tal momento de afazia
Final, quando a mente a língua trava
Pois nada mais restou para a Poesia,

Quando não mais se tem o que dizer
E tudo se resume num suspiro
Ou numa dor tão grande de morrer
E deixar o mundo em seu respiro,

Que afinal era tão belo como era
Com as mágoas e a feiúra sem sentido
Pois nele havia infância... ou houvera.

E numa espécie muda de “aqui vamos”,
Talvez como um sonho indefinido
Alcançamos a paz que não sonhamos.*

(sem data)


Nota
Acabo de descobrir este soneto inédito na Arca da Alma, que com tantos outros dessa temática, evidencia a sua preocupação obsessiva com a morte, que, afinal, ela antevia muito próxima...

* Alcançamos a paz que não sonhamos- Com este curioso verso, presumo que a Alma quis dizer que a paz não é o que procuramos, pois o medo do desconhecido nos acompanha até o minuto final. E a paz vem de súbito, e à nossa revelia...

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