terça-feira, 24 de novembro de 2009

Nau pirata (de Alma Welt)


Nau pirata- litografia de Guilherme de Faria


Para poder escrever e ser legítima
Sigo a esteira desta vã nave ignota
Em prados de ondulação marítima,
Mas de pó e pampa a minha rota.

Aqui desta varanda eu comando
Minhas horas matinais e do poente
Como sinistra capitã do meu desmando
Ou pirata do meu riso de contente.

E cedo tive meu motim denunciado
No Almirantado da dura Açoriana*
Que quis ver o meu sonho sufocado,

Pois viver a minha vida sem bandeira
E com estandarte de poesia pampiana,
Era guerrilha, não batalha verdadeira...

(sem data)


Nota
Acabo de encontrar este soneto inédito, manuscrito, na arca da Alma, e logo o digitei por considerá-lo especialmente significativo da maneira como a Poetisa considerava seu métier, e como a oposição de nossa mãe, a *Açoriana (neta de portugueses açorianos) era um constante desafio (ou mágoa) para ela. (Lucia Welt)

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