Amo muito colher flores nestes prados
Já tangidos pela aragem da manhã,
E cercada por volteios e agrados
Das abelhas e os zumbidos feito imã
Como disse o canoro Djavan
Do som dos besouros e seu ouro
Em torno à brancura tão louçã
De minha própria carne e pêlo louro,
Em sossego também entre as ervinhas
Que me fazem, bah! lembrar-te, “linda Inês”
E “o nome que no peito escrito tinhas”,
Eu que não passo, cercada de mensagens
E poemas do antigo amor cortês,
De uma prenda a vagar entre pastagens...
08/06/2006
Nota
Como este soneto é de tema recorrente na obra da Alma, por curiosidade ou comparação republico aqui o n°58:
As mulheres que colhem flores (de Alma Welt)
(58)
Quanto tenho estado a colher flores
Neste jardim amado desde a infância!
Aqui eu dediquei aos meus amores
Os melhores instantes de constância.
A mulher que colhe flores permanece
No tempo e nas retinas de alguém.
É imagem que a todos enternece
E é ícone e símbolo também.
Quando não houver quem as colher
No pé que as formou sem as tolher
As flores morrerão envelhecidas:
Foram belas, ali, por algum tempo,
Mas não produziram o momento
Do sorriso e das mãos agradecidas...
24/12/2006
Há 5 meses
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