
(Leda e o Cisne- pintura de Rubens baseada em uma escultura em mármore de Michelângelo)
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Decidi experimentar volúpia nova
E encarnar princesas mitológicas
Acolhendo as entidades pouco lógicas
Em que Zeus transfigurado punha à prova
A doce e embevecida prontidão
Em tê-lo entre as coxas bem no meio
Ou como chuva de ouro no meu seio
Mesmo que ensopasse meu colchão.
Assim comecei pelo meu cisne
Que ganhara de meu pai, enternecida
Por sua beleza branca enaltecida
Em que senti das plumas como seda
Emergir rubro arpão sem que me tisne
As pétalas e encantos, como Leda...
(sem data)
Nota
Alma viveu sua extraordinária vida toda numa permanente dimensão poética. Ao ganhar de presente de nosso pai um maravilhoso e alvíssimo cisne vivo para soltá-lo no laguinho (o poço) da cascata, resolveu vivenciar os mitos das Metamorfoses de Zeus começando pelo de Leda. Por isso a vimos, sem atinar, muito íntima daquele cisne por um período. Minha louca irmãzinha...(risos). (Lucia Welt)
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Leda e o Cisne
Leda era uma jovem e bela princesa, recém-casada com Tíndaro, herdeiro do reino de Esparta. Gostava de deitar-se na relva, apreciando o canto dos pássaros e expunha seu corpo aos raios do sol, sob olhares indiscretos dos deuses.
Certa vez, Zeus ia a caminho da cidade de Tróia e encontrou Leda deitada seminua na relva e parou para contemplá-la de longe. Temendo assustá-la com sua figura gloriosa e resplandecente, Zeus converte-se em um cisne imenso e de bela plumagem para poder cortejar a princesa. O deus supremo temia também que, por ser a bela princesa recém-casada, provavelmente o repeliria.
Ao ver o belo cisne se aproximando, Leda senta-se e começa a observá-lo. Diante dos olhos da princesa, o cisne começa a mover suas belas plumas com grande excitação, movimenta seu corpo em uma dança de vai e vem que mostra seu desejo e soa sua voz delicada, emitindo sinais de atração e paixão. Leda estava fascinada e o cisne aproximou-se mais e começou a tocá-la e acariciá-la com suas plumas e seu longo pescoço.
Excitada, Leda deitou-se novamente na relva e aguardou que o cisne se deitasse sobre ela, e então se amaram.
Meses depois a princesa sente fortes dores e percebe que de seu ventre haviam saído dois ovos: do primeiro, nascem Castor e Helena, do segundo, Pólux e Clitemnestra. Porém Hera, irmã e esposa de Zeus, com ciúmes, persegue e proíbe Leda de viver no reino. Assim, Zeus compensa Leda, convertendo-a em deusa e reservando-lhe um espaço no céu, na forma de uma estrela na constelação de Cisne.
Os filhos de Leda e Zeus, Castor e Pólux, tornam-se grandes guerreiros e amigos inseparáveis. Porém Castor (que herdou a mortalidade humana) perde a vida em uma batalha e Pólux (que herdou a imortalidade divina) suplica a Zeus que devolva a vida do irmão. Comovido com esta demonstração de amor fraterno, Zeus propõe a Pólux dividir sua imortalidade, alternando com o irmão um dia de vida e um dia de morte.
Assim os irmãos passaram a viver e a morrer alternadamente e Zeus os homenageia com a constelação de Gêmeos, na qual não poderiam ser separados nem com a morte.
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