Acabo de encontrar este belo soneto nostálgico, perdido na montanha de papéis da arca da Alma, e que não encontrei publicado (depois de extensa pesquisa) em nenhum dos conjuntos de sonetos já publicados nos blogs da nossa Poetisa. A verdade é que espero encontrar outras jóias como essa neste espólio grandioso dos manuscritos inéditos de minha grande e saudosa irmã, que estou apenas arranhando com estes 25 blogs.
O curioso é que do ponto de vista contextual este soneto contrasta com o penúltimo que eu coloquei aqui ( o n°35 e último que traduzi para o castelhano: "Não estarei aqui quando voltares... " Mas ambos contêm a certeza de sua morte próxima e a convicção de alguma forma de retorno, mesmo que espectral, o que afinal acabou se confirmando, pois ainda a avistamos intermitentemente vagando por aqui, o que nos confrange e desnorteia, pois nos parece que ela não se libertou de sua vida aqui neste plano ou quer nos comunicar algo que não conseguimos entender. Nossos peões, que amiúde a vêm, a chamam "Alma da Pampa"...
Eu estarei aqui depois de tudo
(de Alma Welt)
Eu estarei aqui depois de tudo
Quando voltarem as flores no meu prado,
A macieira a florir no pomar mudo
E o casarão estiver todo arruinado,
Suas paredes recobertas pela hera
E no salão a grande mesa abandonada
Onde um dia quando bem guria eu era
Fui belamente adormecida colocada
Pelo fiel Galdério, também ido
Que com Matilde e seu dever cumprido
Foram prestar contas à patroa
Nossa bela, triste e branca Ana
Que afinal como rainha se coroa
E que já não chamo mais... Açoriana!
12/01/2007
Há 5 meses
2 comentários:
Lú!
já pensou em portugal?
http://www.assirio.pt/index.php?p=4
Assirio & Alvim, agora uma grande editora portuguesa, conhecida pela proposta que tinha (n sei se continua), de publicar gente nova...
talvez esteja sendo chato, com isso...rs mas quero ver tudo isto publicado...a Alma tem um universo muito próprio, e seria injusto não trazer à luz...
que não se pague por isso, tudo bem, mas uma botina para chutar a porta é interessante, às vezes...rs
acho excelsa a idealização dela, a fé na justiça do mundo, e talvez sejam justamente as pessoas que acreditam na estética peculiar que ela propôs esta justiça concretizando-se.
espero que tudo ande fluindo bem aí...aqui saiu sol depois de 30 dias de chuva...tava pesado o espírito...rs
bom...beijo!
Corso querido
Não, nunca tinha pensado nisso. Portugal... A Alma tinha dois ou três fãs portugueses lá no Recanto das Letras, que afinal a trairam, um deles vergonhosamente. Às vezes penso que os portugueses são muito, muuuuitoo diferentes de nós brasileiros, que somos mais parecidos com os gregos (risos).
A verdade é que ainda não me mexi verdadeiramente em relação a editoras com respeito a obra da Alma. Esse negócio de pesquisar, compilar, digitar, comentar e alimentar os blogs da Alma que abri, me tomam todo o meu tempo disponível. E vivo no sonho de que a poesia da Alma está indo para o mundo através da Internet e que portanto, assim como ela vem sendo descoberta por gente sensível e inteligente como tu, meu Corso(não é por estar na tua presença(risos), assim também será descoberta, algum dia, por um editor que me contatará vindo até mim expontaneamente. Algo me diz...
Esse sonho não é descabido, pois o nosso amigo Guilherme lá em São Paulo foi contado até agora (a respeito da Alma) por gente do kilate do Paulo Bomfim (82), grande poeta paulista, e do dr. José Mindlin, o célebre bibliófilo. E também de uma banda jovem da zona leste de São Paulo que já musicou lindamente uns dez poemas da Alma(mas ainda não gravou). Recentemente o Guilherme também foi contatado por um cineasta da área de filmes publicitários, que quer filmar um episódio da vida da Alma em sua temporada paulistana, para uma série sobre a cidade de São Paulo num concurso patrocinado pela TV Cultura. Guilherme acaba de roteirizar a seu pedido, brilhantemente, um conto da Alma (cheio de flashbacks pampianos) passados no ateliê da Alma na área dos Jardins, da av. Paulista com o seu MASP até barzinhos da Vila Madalena.
Como vês, Corso, não é tão descabido esperar que um dia um editor nos procure, pois parece que a Alma está ficando famosa devagar e firmemente.
Ah! sonhar não custa!... E "quanto é bom sonhar com Dom Sebastião/ quer venha, quer não!" (F.Pessoa) (risos)
Beijos, beijos,meu Corso;
PS Que bom que o sol também se levanta aí na brumosa terra catarina!
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