(O poeta luso Antonio Graça Antunes, meu amigo, acaba de me enviar por e.mail este pungente poema do famoso poeta mulato José João Craveirinha (prêmio Camões 1991), nascido em 1922 e falecido em 2003, lá de Moçambique.)
Grito Negro
Eu sou carvão!
E tu arrancas-me brutalmente do chão
e fazes-me tua mina, patrão.
Eu sou carvão!
E tu acendes-me, patrão,
para te servir eternamente como força motriz
mas eternamente não, patrão.
Eu sou carvão
e tenho que arder sim;
queimar tudo com a força da minha combustão
Eu sou carvão;
tenho que arder na exploração
arder até às cinzas da maldição
arder vivo como alcatrão, meu irmão
até não ser mais a tua mina, patrão
Eu sou carvão.
Tenho que arder
Queimar tudo com o fogo da minha combustão
Sim!
Eu sou o teu carvão, patrão.
José Craveirinha, 28 / 5 /1922, Lourenço Marques / Maputo, Moçambique...............para a minha amiga LU a "porque os poetas são todos amigos"...nas pampas....e besos infinitamente...
Há 11 meses
Nenhum comentário:
Postar um comentário