quarta-feira, 28 de maio de 2008

Grito Negro (de José Craveirinha)

(O poeta luso Antonio Graça Antunes, meu amigo, acaba de me enviar por e.mail este pungente poema do famoso poeta mulato José João Craveirinha (prêmio Camões 1991), nascido em 1922 e falecido em 2003, lá de Moçambique.)


Grito Negro

Eu sou carvão!
E tu arrancas-me brutalmente do chão
e fazes-me tua mina, patrão.
Eu sou carvão!
E tu acendes-me, patrão,
para te servir eternamente como força motriz
mas eternamente não, patrão.
Eu sou carvão
e tenho que arder sim;
queimar tudo com a força da minha combustão
Eu sou carvão;
tenho que arder na exploração
arder até às cinzas da maldição
arder vivo como alcatrão, meu irmão
até não ser mais a tua mina, patrão
Eu sou carvão.
Tenho que arder
Queimar tudo com o fogo da minha combustão
Sim!
Eu sou o teu carvão, patrão.

José Craveirinha, 28 / 5 /1922, Lourenço Marques / Maputo, Moçambique...............para a minha amiga LU a "porque os poetas são todos amigos"...nas pampas....e besos infinitamente...

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