quinta-feira, 24 de abril de 2008

Pelas Sendas do Vale Encantado (de Lucia Welt)- REPUBLICAÇÃO

(Para Claudio Bento, poeta do Jequitinhonha)


Caminha o poeta pelas sendas
do Vale Encantado ora seco.
Seu olhar perscruta e confere
cada talo de capim cada grão de poeira
do solo que lenta e inexoravelmente
vira areia.

Caminha o poeta com seus sonhos
e sua dor por este chão
o mesmo de sua infância ideal
ora a gritar-lhe em agonia.

Ele veio às terras apinhadas
à grande cidade cheia de promessas
ainda nos campos dos Gerais
onde instalou seu instrumento
pouco agrário
lançando exasperadas sementes.

O poeta chora o seu vale
e com ele olhos distantes e estranhos
choram
os talos secos
o chão rachado
que lentos e inexoravelmente
viram a areia
de uma ampulheta viva e dolorosa.

O Vale Encantado chora e canta.
Ainda insiste em cantar este Vale
pelos seus poetas
que atônitos percorrem
suas sendas ora secas e tristes.

O poeta caminha.

22/11/2007

PS. Bento querido, certamente os meus olhos choram o teu vale
quando penso nele e em ti a percorrê-lo.

Nenhum comentário: