(dos 258 Sonetos Pampianos da Alma (vide blog "Vida e Obra de Alma Welt")
251
Irmão, dá-me a mão, ó meu amigo
Entre este verde e o azul celeste!
Amanhã não estarás comigo
Mas sim na venal Punta de Leste.
À mesa, com as cartas, nem te lembras
Da dama com quem corres estes prados,
E só verás rainhas de outras lendas,
Valetes, reis e coringas abobados.
Embora saibas sempre que te quero
E a mão que tenha seja ruim,
Blefo ao fingir que não te espero.
Bah! Como sou boa jogadora!
Minhas cartas a esconder de mim
Numa aberta caixa de Pandora...
16/01/2007
Nota da "editora"
Republico aqui este soneto dirigido ao nosso irmão Rôdo, jogador profissional, pela razão de ter-me comovido ao relê-lo lá no blog dos "Pampianos" da Alma. Na verdade quase tudo que ela escreveu me comove até às lágrimas, pois é vivo e expressa seu enorme coração e seu mundo interior imenso, grandioso mesmo, em seu poder de evocação de uma vida intensa, cheia de amor, de ternura, e alguns fantasmas... (Lucia Welt)
Há 11 meses
Um comentário:
SOROR SAUDADE a Américo Durão
Irmã, Soror Saudade me chamaste...
E na minhálma o nome iluminou-se
Como um vitral ao sol, como se fosse
A luz do próprio sonho que sonhaste,
Numa tarde de Outono o murmuraste,
Toda a mágoa do Outono ele me trouxe,
Jamais me hão-de chamar outro mais doce.
Com ele bem mais triste me tornaste
E baixinho, na lama da minh'ALMA,
Como benção de sol que afaga e acalma,
Nas horas más de febre e de ansiedade,
Como se fossem pétalas caindo
Digo as palavras desse nome lindo
Que tu me deste:"Irmã, Soror Saudade..." Florbela Espanca
Á Florbela
Irmã, Soror Saudade...Ah, se eu pudesse
Tocar de aspiração a nossa vida!
Fazer do mundo a Terra-Prometida
Que em sonho ainda ás vezes me aparece!
Mas em vão tua boca empalidece,
E em teus olhos a sombra dolorida
Alarga mais cavada, mais ungida,
Pelo incenso místico da prece...
Tão perto o sonho foi!Bastava erguer
Ao alto as nossas mãos para colher
O fruto dum amor quase intangível!
E, se hoje as nossas mãos erguidas colhem
Apenas rosas mortas, que as desfolhem
As sombras espectrais do impossível! Américo Durão
...para ti....para a Alma...besos besos mas besos
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