sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

HISTÓRIA DE AMOR - PAMPA GAÚCHO - RIO GRANDE DO SUL ( de Claudio Bento)

Meu poeta mineiro do Vale do Jequitinhonha, Claudio Bento, que me honra em demasia me tendo como sua musa (que nem mereço) acaba de dedicar-me este maravilhoso poema de amor, ao mesmo tempo humorístico, que me emocionou e encantou:

HISTÓRIA DE AMOR - PAMPA GAÚCHO - RIO GRANDE DO SUL
Para Lúcia Welt

Antes de tudo e qualquer coisa
Enviarei a ti uma dúzia de rosas rubras
Se o minuano for brando e leve
Deitaremos na relva verde do campo

Então me darás um beijo com batom vermelho
E eu pegarei teus seios em minhas mãos
Olharás para mim e eu porei lentes de contato
Diante do brilho dos teus olhos verdes

Comeremos amoras e com elas lambuzaremos nossas mãos
E iremos para a àrvore sagrada dos pampas
A ara germinada de sangue e vinho
Enquanto eu me calo no teu sorriso ardente

Ainda na verde relva do pampa
Me dirás que terei teu corpo inteiro
Tua fome serve o meu peito em entrepasto
Verei tua boca de ameixa através da salada de frutas

Ao caminhares pela relva algo em ti conclama
Pelo andar sei que queres dançar um tango argentino
Beberás vermute e champanhe em taças de prata
Dançando sentirei teu hálito de mate e vinho

Enviarei a ti uma gardênia amarela
Nos parreirais esperarei que tomes a doce sangria
Vem-te um súbito desejo de comida alemã
Mas cedo deitarás com enxaqueca

No dia seguinte vem de saia jeans
Os belos joelhos parecidos com os joelhos da Nara Leão
Confortáveis sapatinhos com meia soquete
Te levo para bailar alegre e convidativa gafieira

Agora estás louca por um copo de gelado chopp
Cai sobre mim e me beija os lábios
Passo as mãos nos teus ruivos cabelos de européia
Perdido que estou numa convulsão de amores

De novo vens com salto alto de Almodóvar
Me vejo embaixo com cara de fuinha
Pedes então ao garçom o vinho e o queijo camembert
Depois fumas distraída olhando a rua

Então de raiva dou um murro na mesa
Faço cena de palhaço provido de ciúmes
Ordenho teu desejo e te possuo assim
Encostada em um canto de muro

Depois saímos de mãos dadas pela cidade
Que bem pode ser Rosário que bem pode ser Paris
Que pode ser Novo Hamburgo Alegrete ou Gramado
Que bem pode ser Itaqui Nova Prata ou Porto Alegre

E somos levados por uma nuvem cigana
Para um paraíso tropical onde vestiremos folhas de bananeiras

Cláudio Bento

O poema é fruto de um outro intertexto, desta feita com o poema História Passional - Hollywood - Califórnia, de Vinícius de Moraes. E é para a musa dos pampas sonhados.

Um comentário:

Anônimo disse...

necessario verificar:)