sexta-feira, 5 de março de 2010

Sheraazade (de Alma Welt)

Mais uma estória ainda pra contar!
Meu coração é uma Sherazaade...
Meu rei ou meu sultão, quem há-de?
E a vida um desfile sob o olhar:

Mil crônicas em versos de sonetos
Perpetuam minhas noites e meus dias.
Mas ao amanhecer, novos motetos
E novo carrossel de alegorias...

Escrava num palácio de riqueza,
Além da última e milésima memória,
Mais uma... num serralho de tristeza

Em que velo meus amores do passado
Numa vigília que é só a moratória
Diante do sultão que é o nosso fado...

13/01/2007

Nota
Acabo de descobrir, deslumbrada, este soneto na Arca da Alma, que creio se imortalizará por si só, dentro ou fora do contexto da obra monumental de minha irmã. Há uma caráter simbólico universal nele (como aliás em quase tudo o que minha irmã escrevia), independente do fato de ser ela uma especialmente dotada contadora de estórias. Trata-se de uma alegoria da vida de todos nós, que queremos "ganhar tempo" diante da ameaça pendente da morte sobre a nossa frágil humanidade. (Lucia Welt)

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