Pobre minha mãe, que me queria,
Sim, puxar pra baixo, receosa,
Pois temia pela mente da guria
Que ela via crescer em verso e prosa,
Mas sobretudo em beleza e impudor,
Com aquela tendência a desnudar-me
A pretexto de uma ânsia ou de calor,
Com volúpia mesma, de mais dar-me...
Quantas varadas finas de marmelo!
E um dia até queimou a minha resma,
Pois que calar queria o que mais zelo.
Mas tudo se atenua e se evanesce
Ao me lembrar de ouvi-la numa prece:
“Ó Virgem, protegei-a de si mesma”...
22/05/2006
Nota
Acabo de descobrir na Arca da Alma, este comovente soneto que rememora a relação difícil de minha irmã com a nossa mãe, a "Mutti", Ana Morgado, a "Açoriana", como Alma a chamava com distanciamento. Muito magoaram uma à outra... Entretanto, para meu alívio e enternecimento, este soneto revela que Alma a perdoou em seu coração...
(Lucia Welt)
Há 6 anos
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