quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Para o Guilherme * (de Alma Welt)

Ainda posso ouvir aquele canto
Da juventude bela e tão naïve.
Em segundos ia eu do riso ao pranto
Apesar do cultivado dom que tive

Desde cedo para o verso aprimorado
Em que eu, ingênua e talvez tola
Falava com saudade do passado,
Eu, que não passava de uma rola

A arrulhar pensando ser ouvida
Embora fosse cobiçada presa
Só por ser e existir em minha pureza.

Quanto eu teria ainda de sofrer
Para ter o privilégio de ser lida
Por grande artista que veio só me ver...

29/07/2001

Nota
* Guilherme- trata-se de Guilherme de Faria, mestre pintor e cordelista paulistano, que em Julho de 2001, a Alma estando já há dois anos em São Paulo como pintora, ouviu falar dela pela grande gravadora Renina Katz, e, curioso resolveu procurar minha irmã em seu ateliê, que afinal era na mesma rua em que ele tem o seu próprio há mais 50 anos. Após a morte da Alma, em 2007, Guilherme me confessou, que tinha ouvido falar da extraordinária beleza física da Alma e que foi isso que o fez procurá-la, ocorrendo então descobrir uma extraordinária escritora e Poeta. Não é preciso dizer que o velho artista apaixonou-se pela totalidade dos dons da Alma, mas ele mesmo atribiu seu amor, principalmente à doçura (de "rola") e candura imprevistas na personalidade de tão grande artista. (Lucia Welt)

Nenhum comentário: