A Aurora do Homem está por vir
Quando sem o medo que o atrasa,
Andará, sem choro ou mesmo rir,
Sobre a Terra que será a sua casa.
Já o vemos: é uma luz na multidão
Que se espalha e abre uma cortina
No antigo e endurecido coração
Que treme pois ainda a raiva o mina
Contra a dura maldição do Criador
Que nos lançou também contra a mãe Gea
Numa fúria de revanche e de rancor.
E voltaremos às terras e às águas,
Como bem antes daquela má idéia
Que nos deu menos prazeres do que mágoas...
23/07/2006
Nota
Acabo de descobrir nesta manhã de domingo, na inesgotável Arca da Alma, esta maravilha, que estou convencida seja uma obra-prima do soneto universal...
(Lucia Welt)
Então aproveito para republicar aqui outros sonetos da Alma que abordam de maneira análoga este tema do recente impulso Edênico de restauração da harmonia com a Natureza em contraposição ao impulso Luciférico de destruição, que subsiste no inconsciente ancestral do homem:
O retorno (de Alma Welt)
Sem algum conflito estar no mundo
É uma leda utopia ou devaneio
Pois temos um vão rancor profundo
Disto tudo não ser o nosso meio
Amniótico, silencioso e tão seguro
Do qual fomos tirados brutalmente
Pelas boas intenções de um ente puro
Se considerado essencialmente:
A mãe que nos expulsa de si mesma
E nos lança afinal no labirinto
Ligados ao seu fio qual abantesma
E buscando escapar do Minotauro.
Eis como nesta vida mal me sinto:
Numa saga de retorno e de restauro.
(sem data)
O Eterno Retorno (II) (de Alma Welt)
Não digo adeus às coisas tão amadas
Que me acompanharam nesta vida,
Como o canto das aves nas ramadas
Ou as cores que me põem embevecida
Dos poentes que me fazem ver o além
E descortinam a glória que teremos,
Quando não diremos mais “amém”,
Mas seremos já o que nós vemos,
Integrados no Mundo e no Devir,
Sóis, espaço-tempo, eternidade,
Ou só um cometa em sua saudade
Na viagem solitária, extrema em si,
Durante a longa jornada a se esvair,
Para voltar ao lar, que é mesmo aqui...
08/01/2007
El Eterno Retorno (de Alma Welt)
(versión en castellano de Lucia Welt)
No digo adiós a las cosas tan amadas
Que me acompañaran en esta vida,
De las aves el canto en las ramadas
O los colores que yo veo embebecida
De los ponientes que más allá nos ponen
Y la gloria hacen ver y lo que habemos
Cuando ya no decimos aquel amén
Pero somos entonces lo que vemos
Integrados en el Mundo y el Porvenir,
Soles, espacio-tiempo, muerte fría
O tan solo un cometa en nostalgia
En el viaje solitario, extremo en sí,
Durante la jornada a desvaír
Para tornar al lar, que es mismo aquí…
Há 6 anos
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