Terei vindo com o dom de escrever,
Mas só recentemente descobri
Que a minha missão é a de ser,
Que pra isso vim e... escrevi.
A inspiração que me atribuem
Não é a minha, simplesmente,
Mas a que causo em certa gente,
Alento que em si mesmos alguns fruem.
Seria isso sugestão ou só viés,
Mas quero acreditar pois sinto e vejo,
O que me fez persistir após revés:
O mal que um desejoso me causara
E que a mim me atribuíram dar ensejo
Somente por ser bela, nua, e... rara.
(sem data)
Nota
Este soneto que, comovida, acabo de descobrir na Arca da Alma, aborda uma questão delicada de nossas vidas. Mas como a Alma se propôs desde sempre a contar tudo, absolutamente tudo, de sua vida, e esse fato ao contrário de lhe tirar o mistério parece tê-lo aumentado (a julgar pela opiniões e debates de seus fãs e leitores na Internet) resolvi agora também revelar ou confirmar algo que a poetisa contou no seu romance A Herança: Sim, meu ex-marido Geraldo (falecido), foi esse "desejoso" a que Alma alude no seu soneto. Esse homem, apesar de ser o pai dos meu filhos, se revelou um bandido, durante o episódio da luta familiar entre a Alma, ele próprio e nossa irmã Solange de quem ele se tornaria amante e cúmplice no roubo do espólio de nosso pai. Esse conturbado episódio foi agravado pelo estupro de minha irmã por esse bandido e adúltero, que aliás, talvez por justiça divina acabou assassinado por um membro de sua quadrilha depois de ele próprio ter atirado em Solange, que acabou morrendo nos braços da Alma, num perdão mútuo que foi uma trégua na desgraça que reinava sobre esta casa. Sei que isso parece um imbrólio dos diabos, ou excessivamente romanesco, mas reamente aconteceu, e pensei que o desenlace redentor atenuaria os traumas e seqüelas deixadas por tão trágicos acontecimentos em nossa famila. Mas, a verdade é que esse estupro deixou marcas profundas na alma da doce e genial poetisa, minha irmã, declanchando uma depressão bipolar que talvez a tenha levado, anos depois, à sua morte trágica. (Lucia Welt)
Há 6 anos
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