segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Contratempo (de Alma Welt)

Eu pedi ao Tempo o beneplácito
De uma prorrogação além do tempo,
Que me foi dado por acordo tácito,
Já que tive na vida um contratempo:

O de ter amado o mesmo sangue
E de ter sido por isso renegada
Por aquela que eu queria fosse a fada
Desse amor e não pântano ou mangue

Em que eu chafurdaria suplicante
Por quase duas décadas de exílio
No próprio seio da Vida circundante,

Que quis acalentar-me, não lamento,
E manteve-me num vago e incerto trilho,
Que em poesia me trouxe a este momento...

12/19/2006

Nota
Acabo de encontrar este soneto na Arca da Alma, que me comoveu por nele Alma mais uma vez evidenciar que sabia que seu tempo estava acabando, e que ela se sentia numa espécie de prorrogação por causa de seu amor por Rodo, nosso irmão, que desde a infância lhe custara uma perda tão grande: o amor da "Açoriana", nossa mãe, segundo ela acreditava, já que Ana Morgado fora tão dura com sua filha até a sua morte quando Alma tinha 19 anos. Um grande número de sonetos da Alma trata desse problema, confiram. (Lucia Welt)

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