Há 6 anos
domingo, 22 de novembro de 2009
Ariadne em Náxos (de Alma Welt)
Ariadne em Náxos- pintura de John William Waterhouse (escola inglesa do século XIX)
Não temos planta baixa desta vida,
Suas câmaras, alcovas, confusão.
Uma aposta errada ou indevida
Põe tudo a perder e sem perdão.
Alguma lógica a nós perceptível
É a do encadear de circunstâncias
Que vemos perscrutando o fio sensível
Que atravessa nosso dédalo de ânsias,
Como aquele da Ariane sem dedal,
Alinhavados como ela ao ser amado,
Pasmo herói confuso e... enrolado,
Pois encontrar a completude original
Numa Náxos aberta e sem volutas,
Eis o nexo, afinal, das nossas lutas.
06/04/2005
Nota
Acabo de encontrar neste domingo, na Arca da Alma, este notável soneto inédito, um tanto filosófico, e a que não falta um toque do humorismo peculiar da Poetisa, cheia de referências, ilações e até trocadilhos. (Lucia Welt)
Por curiosidade republico aqui um outro soneto de mesmo título pertencente ao ciclo Sonetos Mitológicos da Alma, em que a Poetisa aborda o tema de maneira bem diferente, mas igualmente humorística:
Ariadne em Náxos (de Alma Welt)
( Dionisos )
3
Nesta Náxos, perdida, abandonada
Fui por Teseu logo esquecida,
Ou então foi a vela, assim, quadrada,
Que não pode interromper sua partida.
Por isso, ou razões da deusa Ananke
Fiquei a Zeus dará, meio perdida,
Com o fluir do meu destino assim estanque,
A ver crescer meu ventre, embevecida.
Até que o deus alegre, brincalhão,
Aportou nesta Náxos sem nexo
Trazendo um grande falo, como sexo
De madeira, polido, ornamentado,
Com correias preso, pendurado,
E pediu-me que o servisse... esse bufão!
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