terça-feira, 22 de setembro de 2009

O Jogral (de Alma Welt)




O Jogral (de Alma Welt)

Para prosseguir minha jornada
Abro mão de certos artifícios,
Como os da vaidade declarada
De que dispenso os sacrifícios,

Mas plantar sementes no agora
Dos frutos do porvir, a macieira
Dos pomos dourados de uma aurora
Vislumbrada por mim a vida inteira,

Eis a maior vaidade! -vós direis-
Tudo é vão, na morte tudo finda,
Até o fausto e poder de antigos reis.

Mas eu, ainda guria, constatei
Que o jogral do rei o canta ainda,
Eis o poder maior que já encontrei.

(sem data)

Nota
No tesouro da inesgotável Arca da Alma, descobri esta manhã este soneto inédito, que estou persuadida de tratar-se de uma obra-prima, e logo o verti para o castelhano:


El Juglar (de Alma Welt)
(versión al castellano de Lucia Welt)



Para proseguir en mi jornada
Abro mano de unos artificios,
Los de la vanidad declarada,
Los cuales demandan sacrificios.

Pero sigo plantando en el ahora,
Frutos del porvenir, el manzano
Dorado, sin embargo, de una aurora
Vislumbrada por mi, bajo mi mano,

Esto es la vanidad! –ustedes dirán-
Todo es vano, la muerte va matando
Hasta el poder del rey y del sultán.

Pero yo, aunque niña, he constatado
Que el juglar del rey sigue cantando
Y su poder jamás ha terminado.


Ilustração:O Jogral- aquarela de Guilherme de Faria

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