domingo, 7 de junho de 2009

Coração infame (de Alma Welt)

Às vezes me surpreende estar no mundo
Com minhas circunstâncias tão propícias
À poesia, à música e ao profundo
Senso de beleza, e das delícias

De ser a filha amada de meu Vati
E de Rodo meu irmão e da irmã Lúcia
Embora haja o contraponto da angústia
Que por certo é o que faz de mim um vate.

Mas pra tornar-me forte e não passiva
Tive a honra de fazer uma inimiga,
A irmã Sol* cujo ódio dói e instiga

A manter-me a mente alta e compassiva
Pra não tornar-me o branco cisne*, presa
Do infame coração, triste princesa...


(sem data)

Notas

...irmã Sol- nossa irmã mais velha, Solange, falecida, que tendo ciúmes e inveja da Alma a perseguiu e atormentou a vida inteira, mas que nos momentos finais, nos braços da Alma, pediu-lhe perdão. Este episódio trágico e comovente está descrito no romance autobiográfico da Alma, a ser publicado em breve em livro.

Tornar-me o branco cisne- presumo que se trata de uma alusão à reencarnação do poeta Orfeu no corpo de um cisne, citada no Mito de Er, de Platão, na "República", ou na tranformação de Odette em um cisne branco, pelo feiticeiro (aqui o seu próprio coração, que por licença poética ela chama de "infame") no ballet O Lago dos Cisnes de Tchaycowski (Lucia Welt)

Um comentário:

R.Vinicius disse...

Pude ao longo do tempo descobrir os versos de Alma, e tive o prazer e a honra de ser seu amigo. Dela ainda ganhei mais que amizade, ganhei incentivo, e ternura. Certa vez me presenteou com seu Livro, e uma dedicatória. Guardo comigo. E devo e agradeço a ti, irmã da doce Alma, por continuar publicando as obras de nossa amiga. Quando puderes me visite, está convidada a conhecer o meu humilde blog.
Um grande abraço,

R.Vinicius