(Claudio Bento, o "meu" poeta do Jequitinhonha acaba de enviar um e.mail com este poema para a sua nova musa, a cantora mineira Glaucia Nasser. Mas como ainda não fui destituida como sua "musa dos pampas", para provar que posso compartilhar um poeta, uma vez que já o compartilho com a humanidade, transcrevo aqui o poema e o recado que ele lhe escreveu...)
(Lucia Welt)
MEMÓRIA DA INFÂNCIA PERDIDA
Para Gláucia Nasser
Tudo está gravado na memória
A rua
O beco
A praia
O carro-de-boi rangendo
O sol desmaiando atrás da serra
A lua pintando de ocre a praça do mercado
Tudo está gravado na memória
Os dias de sol
As noites de chuva
As tardes feitas de nuvens
Mora em minha memória
Sons de cascos de cavalos
De pássaros trinando na folhagem do quintal
De insetos de sapos de cavalo judeu
De murtinha de besouro rola-bosta
De cigarras cigarreando os dias de chuva
Até explodir em música e silêncio
Ainda mora na memória
A roupa domingueira
Boiada solta nas ruas para atravessar o rio a nado
O circo chegando
Cartas coladas com goma arábica
E a gente cantando
Cai
Cai tanajura na panela de gordura
Cláudio Bento
Gláucia, escrevendo este poema sobre a infância vivida
em Jequitinhonha, dei de dedicá-lo a você, talvez pela sua beleza e simplicidade. Minha poesia também é simples e fala
de infância, de quintais, de árvores, de frutas, de terra, de praia e de rio, fui criado às margens do Jequitinhonha, entre lavadeiras e canoeiros, pescadores e tropeiros, benzedeiras, penitentes, foliões. Minha poesia bebe da àgua desse universo gravado em minha memória.
Espero que aprecie.
Um grande beijo do
Cláudio Bento.
Há 6 anos
Nenhum comentário:
Postar um comentário