segunda-feira, 24 de março de 2008

Sobre a razão oculta dos juros altíssimos na economia brasileira ( por Lucia Welt)

Todos os comentaristas econômicos ou economistas são unânimes em afirmar que os juros sobre o capital no Brasil são os mais altos do mundo, entravando o nosso desenvolvimento no mundo globalizado. O que ninguém sabe explicar convincentemente é a razão desse fato, que permanece insolúvel e misterioso porquanto ninguém ousa colocar o dedo na ferida. Insolúvel realmente é, mas não deveria ser misterioso. Trata-se do seguinte: os juros bancários sobre o capital permanecem estratosféricos no nosso país porque são da ordem da Usura, isto é, de um vício já relacionado na enumeração clássica bíblica dos pecados e que eu prefiro chamar de defeitos de caráter. Eis a razão dos juros bancários pagos à poupança popular serem ínfimos e quase desprezíveis na medida oposta dos juros extorsivos cobrados nos empréstimos aos pequenos e médios industriais e comerciantes, ou ao povo em geral, tornando impossível o nosso verdadeiro desenvolvimento no mundo competitivo globalizado e das economias chamadas emergentes. Trata-se de um defeito estrutural do caráter do capitalista brasileiro, ou melhor, dos nossos banqueiros que conservam a memória atávica de nosso passado colonial cheio de baixa auto-estima e inveja diante do poder e riqueza imperiais. O princípio do lucro, que consiste em vender caro o que se comprou barato adquire no subdesenvolvido características paroxísticas compensatórias diante de seu próprio senso de inferioridade. A usura, enquanto vício, tal como os seus colegas alcoolismo, tabagismo, droga-adição e jogo, pode ser considerado como a Organização Mundial de Saúde os classifica: doença incurável progressiva e fatal, desembocando na morte prematura ou na loucura. Entretanto, a usura enquanto doença incurável, tal como aquelas outras poderia ser detida pela abstinência total, bastando para isso aquele segundo de compunção e lucidez que os adictos consideram como resultado do que eles denominam "fundo do poço", e que produz uma parada quase milagrosa que eles chamam de Primeiro Passo. Depois, naturalmente, a recuperação depende de mais doze sábios passos, que poderiam ser adaptados de AA (Alcoólicos Anônimos) para a nossa economia doente, isto é para os nossos políticos e banqueiros do Banco Central. Mas, suspeito que isso é um ideal utópico, e eles são mesmo como a maioria dos bêbados: impenitentes que seguirão bebendo até o mais amargo fim.
(Lucia Welt)

Um comentário:

blog do dudu santos disse...

Obrigado por ler meu blog, é sempre um prazer lembrar das irmãs,infelismente Alma virou alma, deve estar com seu ectoplasma sensual vagando pelas energias do mundo. Quanto ao seu artigo, concordo com tudo, o cidadão honesto só pode investir em um Fundo: "FUNDO DO POÇO",e o Lula crescendo nas pesquisas!!não entendo mais nada..
grande abraço
Dudu Santos